Dia Mundial do Trabalho: convivência familiar um direito do trabalhador



O Dia Mundial do Trabalho é uma data não apenas de confraternizações, com prêmios, músicas e alegria, tampouco apenas de conversas sobre justiças e injustiças nas relações laborais. Deve ser um dia para recordar o luto dos que ofereceram suas vidas por mais dignidade humana. Seguramente, os milhares de trabalhadores que participaram da greve geral em Chicago, no ano de 1886, não sabiam que sua manifestação de protesto contra condições de trabalho desumanas e jornada excessiva culminaria em prisões e até mesmo na morte de alguns deles. Não somente eles sofreram, mas tantos outros trabalhadores anônimos também perderam e continuam a perder a vida no trabalho.
Uma questão muito preocupante é a da jornada em que o empregado trabalha 12 horas e descansa 36 horas (12x36), pois apesar de haver previsão legal, tal jornada prejudica o trabalhador na medida em que sua remuneração é tão baixa que o obriga a ter mais de um emprego. Outro problema é que, na quase totalidade dos casos em que as empresas com jornada 12x36 foram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho constatou-se in loco que o período de descanso devido ao empregado não era respeitado.
É notório que os trabalhadores têm mais de um emprego. Isso se verifica também em todas as categorias que trabalham nesse tipo de jornada. Muitas vezes emendam 24 horas de trabalho consecutivas. Existem casos ainda mais graves, como os de hospitais que extrapolam a jornada de trabalho com horas extras que chegam a 16 horas ininterruptas de trabalho. Vale lembrar que trabalho prorrogado em atividade insalubre é mais nocivo ao empregado, atentando contra sua saúde, diminuindo sua atenção e podendo favorecer acidentes de trabalho, basta observar o Anuário da Previdência Social que mostra que em Goiás foram 17.158 acidentes de trabalho no ano de 2013.
É preciso avançar rumo a um trabalho bem remunerado e com condições humanas. Para isso, é imprescindível a consciência de que a prática da jornada 12x36, com uma remuneração que inviabiliza uma vida decente, somente gera um excesso de mão de obra, com consequente desvalorização salarial, prendendo os empregados num ciclo vicioso onde se procura mais horas de trabalho, a fim de se manter uma renda que permita a sobrevivência da família.
Mas ele perde o bem mais precioso que é a convivência familiar, o lazer e a saúde. Compreender que o mais importante nas relações de trabalho é o trabalhador implica em mudança de valores. Aqui, não se observa o mero cumprimento da lei, mas a ideia de que o mundo do trabalho pode ser melhor, pois a convivência em família é um direito do trabalhador, ou seja, essencialmente humano.

Texto de Arquivaldo Bites - superintendente Regional do Trabalho e Emprego em Goiás

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