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Mostrando postagens de novembro, 2011

NADA PRECISAVA SER EXPLICADO

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Dois dias era o tempo exato que afastava Joana do aniquilamento da mãe, mas para ela o tempo não existia. Olhava para o fogão e via nitidamente a mãe fazendo o café, com seu jeito calmo e acomodado. Joana observa a mãe com estranheza. Seus olhos captavam uma cena, que parecia um quadro pintado por algum gênio criador, onde as cores se misturavam, se complementavam, numa dança suave e perturbadora. O que era existir? Pensou  Joana. Se alguém não me conhece eu não existo, afinal só a consciência do outro é que me faz concreta. Sou concreta dentro da cabeça de alguém. Fora dela não sou, então, o que serei eu? apenas um pensamento de alguém. Muitos pensamentos atravessavam a mente de Joana e ela tentava encontrar uma explicação, arriscando entender porque a mãe deixou de ser. Joana sonhava, mas não um sonho comum ou surrealista, era mais uma visão, como se não estivesse dormindo. Ela notava seu espírito se projetando além do seu corpo, sorria diante de uma luz azulada, que cobria seu rosto

NÃO CHORAVA POR DESCONHECIDOS

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     Joana correu, com movimentos acelerados, um pé na frente do outro sem trégua e nenhum lugar parecia bom para descansar. Doía-lhe tudo, os cabelos, as pernas, a barriga, os olhos, que não cessavam de verter lágrimas. Uma dor tão grande, sem lugar. Sentia que estava pronta para enlouquecer. Tudo rompendo, como uma terrível tempestade, raios enormes, trovões assustadores. Joana caiu gritando, urrando, como um animal abatido.    Depois de algumas horas a calma. Lembrou-se dos 8 irmãos que teria de alimentar, vestir, confortar... Recordou o olhar desolado do pai e o pedido da mãe para que tomasse conta de todos.    Não podia pensar com seus 12 anos, pois a única coisa que queria era que a mãe não tivesse morrido e pudesse colocá-la no colo. O cheio de mãe é tão bom. A quenturinha que exala do seu corpo, parece cheiro de mel pensou.    Joana balançou a cabeça, levantou e caminhou de volta para casa. Tinha os ombros alçados, tal qual soldado, pernas a marchar. De longe pode ver a aglomer

como dizia MFC

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mfc disse... Todo o vento é mensageiro! Todo o vento é mudança! Todo o vento deve ser ouvido... Joana caminhou rapidamente até o rio. Seus olhos estavam alheios, fixos em algo que não pertencia àquele lugar. O ar apertado, sem vento, fazendo todos os sentidos de Joana aguçar. Com o pote, ela pegou água, colocou na cabeça e retornou para junto de sua mãe. Avistou a pequena casa e ouviu o murmurar das mulheres a rezar. Na porta, sentado em um banco de madeira, permanecia seu pai por mais de 20 horas, com o mesmo olhar de Joana. Ao longe 8 crianças brincam sem saber de nada. Joana observou a correria do pique - esconde e deseja não ser a irmã mais velha. Queria brincar, correr, não desejava continua ali, ouvindo os gritos, escutando o cochicho das vizinhas, sem poder fazer nada. - Joana! - Sim. - Entre no quarto, sua mãe chama. As pernas bambearam, o coração disparou. Entrou com a sensação dos mal-afortunados. Não reconheceu o rosto da mãe, transfigurado de dor, de uma palidez bucól
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Um vento polvoroso de agosto, soprou forte, com gosto. Por onde ele havia andado? Não se sabia. Quantas noites ele refrescou? Quantas árvores tentaram detê-lo? Ninguém o conhece. É apenas um vento. Sem passado. Sem futuro. Não disse a que veio. Nada perguntou. Apenas é parte de um momento, que aconteceu em agosto. Rendido por uma alma humana. Soprou e passou. Como passam todas as coisas... Pessoas... Situações... Momentos... Evaporando por entre a insignificante percepção.

Infecção generalizada do planeta!

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As pessoas ficam horrorizadas com dados estatísticos de mortes por acidentes, por catástrofes, “Et cetera” e tal. Eu, particularmente, fico abismada com a quantidade da população mundial, que passa dos 7 bilhões. Como é possivel tantos seres de uma mesma espécie habitando um único lugar? Posso dizer que é quase uma infecção generalizada do planeta. Levando-se em conta que a maioria das pessoas não tem responsabilidade para com o outro (aquele que é diferente delas mesmas) e que suas ações são pautadas na sastifação imediata de suas necessidades, seja elas quais forem, podemos concluir que as perspectivas para uma existência humana tranquila são ínfimas.