Percepção do corpo doente

 


Antônio estava sentado no consultório, conversando com o professor Muniz Sodré sobre a relação entre a medicina e a percepção do corpo doente. Sodré argumentou que a medicina havia criado uma cultura do medo no paciente, onde a busca por informações e serviços de saúde se tornava uma obsessão.

"A medicina baseada em cálculos antecipados sobre o adoecimento estabelece um risco, uma previsão que solicita ao indivíduo tomar certas decisões", disse Sodré. "Isso transforma todos em pacientes potenciais, onde a distinção entre corpos doentes e sãos se torna cada vez mais tênue."

Antônio refletiu sobre as palavras de Sodré e percebeu que tanto a mídia quanto a medicina trabalhavam juntas para condicionar os estilos de vida contemporâneos, onde muitos exames são usados para detectar doenças. Mas, pouco se faz para suprimir a causa do adoecimento.

Antônio suspirou. "Gostaria de ter fé. Eu me sinto tão responsável pelos meus pacientes."

Sodré disse:  "Entregue o controle para o Criador. Descanse em Deus e dê o controle para ele como ato de fé, que você precisa exercitar dia após dia."

Antônio balançou a cabeça. "Meus pacientes dependem de mim, sou eu que tenho que ser bom naquilo que faço."

Sodré insistiu. "Você pode ser bom, Antônio, mas não pode controlar o imponderável. Com Deus, você descansa na certeza de que nem tudo está em suas mãos."

Antônio refletiu sobre as palavras do amigo e começou a entender que talvez fosse necessário encontrar um equilíbrio entre a responsabilidade profissional como médico e a fé de que a humanidade vai encontrar o caminho da plena saúde. Ele sabia que não podia controlar tudo, mas podia encontrar paz na certeza que fazia parte de algo maior.

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