FILOSOFIA PARA CRIANÇAS: Um estudo acerca da comunidade de investigação de Matthew Lipman




FILOSOFIA PARA CRIANÇAS: Um estudo acerca da comunidade de investigação de Matthew Lipman
Elizabeth Venâncio[1]

Quando Matthew Lipman pensou acerca de filosofia para crianças, ele o fez em um contexto diferente do que vivemos hoje no Brasil de 2019. Por isso, este trabalho quer examinar se é possível que realidades diferentes, possam atender a necessidades humanas semelhantes. Se for como pretende-se argumentar, o pensamento lipmaniano ultrapassaria as diversas barreiras: sociais, culturais e políticas para ofertar a humanidade um ideal de educação para o pensar crítico.
Decorrido quase sessenta anos da proposta de ensinar crianças a pensar filosoficamente e dos debates que aconteceram e continuam repercutido em mais de 30 países, despertou-se o interesse em estudar o assunto nos educadores goianos, preocupados com os índices de deficiências de aprendizagem noticiados por institutos de pesquisa.
Assim, em 2017 foi criado o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o ensino de filosofia para crianças e adolescentes, da Universidade Federal de Goiás, sob a coordenação do professor doutor Wilson Alves de Paiva, para discutir os fundamentos e as práticas do ensino da filosofia, principalmente do movimento chamado FPCA - Filosofia para crianças e adolescentes - tendência aberta pelo pensamento e escritos do filósofo Mathew Lipman. A partir daí o movimento ganha visibilidade e seguidores em todo o mundo, com destaque a Oscar Brenifier, José Barrientos-Rastrojo e, no Brasil, o Prof. Walter Kohan.
Ambiciona-se verificar a viabilidade de transformar a sala de aula em uma comunidade de investigação, conforme proposto por Lipman (2001). Em que tal comunidade se constitui como um espaço-social, ou melhor, um dispositivo interacional[2]: lugar para dialogar e tensionar conhecimentos. Abre-se aqui um parênteses para explicar que apesar do conceito de “dispositivo interacional” ter sido criado na área da comunicação com o intuito de estudar os acontecimentos comunicacionais, almeja-se utilizá-lo a partir da perspectiva da interação em sala de aula, ou seja, trata-se de estudar as comunidades de investigação como um objeto empírico observável, adequado para produzir as informações necessárias quanto a viabilidade do ensino de filosofia para crianças.
Esta pesquisa encontra-se em construção, portanto, o desejo é de compartilhar conceitos engendrados por Matthew Lipman, discutir a possibilidade de implementação da comunidade de investigação e aprofundar a ideia, a muito debatida, acerca de nossa capacidade de ensinar o pensar crítico.
             
REFERÊNCIA

BENJAMIN, Walter. O narrador. In: BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986. (Obras Escolhidas, v. 1).

BRAGA, José Luiz. Dispositivos Interacionais. Apresentado ao Grupo de Trabalho Epistemologia da Comunicação, no XX Encontro da Compós. Porto Alegre, UFRGS, 2011. Disponível em: <http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1657. doc>.

DERRIDA, Jacques. A Escritura e a Diferença. Trad. Maria Beatriz Marques Nizza da Silva. São Paulo: Perspectiva, 2002. 

LÉVI-STRAUSS, Claude - Antropologia Estrutural I. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro,1973.

LÉVI-STRAUSS, Claude - As Estruturas Elementares do Parentesco. Editora Vozes/EDUSP. Petrópolis/ São Paulo, 1976

LIPMAN, Matthew. O pensar na Educação; tradução de Ann Mary Fighiera Perpétuo – Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. 386p

______, SHARP, Ann Margaret, OSCANYAN, Frederick S. A filosofia na sala de aula. Tradução de Ana Luiza Fernandes. São Paulo: Nova Alexandria, 2001.

MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Tradução de José Fernando Campos Fortes. 3a Reimpressão Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002 p. 96

SANTOS, paola Lucena. PINTO-GOUVEIA josé. OLIVEIRA, Margareth da Silva [et al.] Terapias comportamentais de terceira geração: guia para profissionais Novo Hamburgo: SINOPSYS, 2015. 526p




[1] Mestra em Comunicação UFG, Bacharel em Filosofia – UFG, Bacharel em bilíngue - PUCGO
[2] Os dispositivos interacionais seriam um lugar possível para se estudar os fenômenos comunicacionais, tornando possível um diálogo produtivo com a diversidade de enfoques e abordagens observáveis no campo comunicacional. (BRAGA, 2011, p.30)






XXVI Semana de Filosofia: inscrições para apresentação de comunicação

Evento

: FAFIL - UFG
: Nacional
27 a 31 Maio 2019
Está aberto o período de inscrição para apresentação de comunicação durante a programação da XXVI Semana de Filosofia e XXI Semana de Integração entre Graduação e Pós-Graduação em Filosofia, evento que é promovido pela Faculdade de Filosofia em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Goiás, e que ocorrerá no período de 27 a 31 de maio.

Os resumos podem ser enviados para o e-mail xxvi.semanasemanafilosofia@gmail.com e devem conter no máximo 500 palavras, e também estarem acompanhados do nome do proponente, da instituição à qual está vinculado e de 3 palavras-chave. As inscrições serão recebidas pela comissão organizadora até o dia 25 de abril e o resultado da avaliação informado ao proponente até o dia 5 de maio por meio do endereço eletrônico pelo qual a inscrição foi recebida. A distribuição das comunicações aceitas será divulgada até o dia 15 de maio. Não será cobrada taxa de inscrição nem de participação no evento.

A comissão organizadora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Raciocínio complexo

A Superintendência Regional do Trabalho em Goiás, a Seção de Fiscalização do Trabalho, em parceria com o CRCGO e com o apoio da Fieg, promovem o bate-papo a fim de esclarecer dúvidas e orientações técnicas acerca do FGTS Digital.