SERVILISMO COGNITIVO



Estava lendo um livro quando me deparei com a expressão “servilismo cognitivo”, achei bonita a combinação destas duas palavras e imaginei se seria o mesmo que “servidão voluntária”, um tema a muito discutido, ou seja, você não é um escravo, mas se submete as mesmas condições.
Sabedora que o pensamento original crítico e livre passa necessariamente por algum tipo de processamento da experiência, fiquei pensando no contexto em que vivo e nas experiências produzidas a partir dele, então concluí que sou uma pessoa cujo comportamento é de um servilismo cognitivo absurdo.
Ao constatar minha condição imaginei os filósofos Sócrates e Kant se revirando no túmulo, ambos críticos severos daqueles que traem sua própria criatividade ao permitirem que outras pessoas pensem por eles. Conforme admoestam, devemos pensar por nós mesmos, e desejar que as outras pessoas pensem por elas mesmas.
Nesse sentido, as redes sociais permitem observar que determinados comentários estão imitando as mentes que mais admiram, sem refletir na qualidade, validade e pertinência do que está sendo dito; ao mesmo tempo em que sacrificam sua originalidade e deixam de aprender a pensar para além do plágio.
Todavia, não os julgo, porque o pensar crítico é uma atividade social difícil, implica o posicionamento ativo diante das opiniões. Porquanto, não podemos quedar inertes nas discussões e debates, uma vez que o pensamento humano só avança diante da diversidade e do atrito das ideias.
Urge aprender a defender uma ideia com argumentos sólidos, lógicos e coerentes. Também, é auspicioso deter-se para observar grandes debatedores, buscando a aquisição de habilidades cognitivas pelo exercício diário de se perguntar: o que está sendo dito corresponde à realidade que observo?
Neste aspecto, a Universidade Federal de Goiás pesquisa de forma pioneira os fundamentos e as práticas do ensino da filosofia para crianças e adolescentes - tendência aberta pelo pensamento e escritos do filósofo norte-americano Matthew Lipman.
A iniciativa visa chamar a atenção para a necessidade de produzir uma educação mais reflexiva, momento em que o aluno e o professor desenvolvem capacidades cognitivas, fortalecendo o julgamento e passando a pensar de forma crítica, inovadora e criativa. Assim, erradicar-se o servilismo cognitivo, doença que mantém o povo com carência de ideias originais e democráticas.
Elizabeth Venâncio
Mestra em comunicação
Pesquisadora da Universidade Federal de Goiás
imagem da italpro.com.br - google
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