Avaliação: O acontecimento da Greve Geral

By Elizabeth Venâncio
O sentido do mundo não está
nele. É algo produzido a cada momento em que se entra em contato com as coisas.
Tanto as coisas, quanto quem as apreende estão em eterna transformação, logo
não existe algo contínuo, imutável, duradouro nas relações entre humanos. Pode-se
dizer que somos nós que damos sentidos ao mundo e apesar de tentarmos utilizar
padrões comportamentais, matemáticos ou linguísticos para explicar um evento,
isto não é possível, pois nenhum fenômeno produzido pelo ser humano é
previsível, nossa racionalidade e criatividade é capaz de superar em muito as
expectativas dos analistas.
O que se pode fazer em uma
situação como esta é juntar as peças do quebra-cabeça. Nota-se que a
manifestação não se igualou a de 2013 em termos de participação popular, o que
não deve ser interpretado, necessariamente, como uma desmobilização das “classes
subalternas”. Antes, é preciso observar a conjuntura do evento, no passado as
pessoas foram à rua, inicialmente, pelo aumento da passagem de ônibus. Algo que
elas compreendiam muito bem. Hoje, o palco de discursão é amplo. Uma reforma
trabalhista e previdenciária complexa, difusa, não discutida e com uma economia
em recessão.
Nesse cenário, o indivíduo não
consegue distinguir qual o lado o favorece mais. Em sociedade, sempre operamos
com a redução do mundo a luta do bem contra o mal. Essas duas categorias ficam
em lados opostos: os que se preocupam com a desigualdade enquanto fator de
instabilidade social, dignidade humana e preservação das condições básicas de
vida; e, os que acreditam no livre mercado, no embate de forças e na regulação
econômica através dos acordos e negociações, sem interferência do Estado.
Ora, é preciso superar essa
dicotomia bem/mal. Há uma necessidade de
avançar e chegar a um acordo consensual. Fazer uma proposta que dê conta de
garantir a dignidade social e o crescimento econômico, antes que a mesa seja
virada e ninguém possa participar da ceia.
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