A linguagem do terrorismo


          Neste texto pretende-se contribuir para a discussão acerca da interpretação das ações terroristas em uma perspectiva comunicacional, não desmerecendo as demais. Parte-se da noção de que toda fala é uma tentativa de manipulação. Os terroristas são pessoas que acreditam nessa máxima e estão no mundo sinalizando e emitido uma mensagem de significação identitária.
        A representação social do terrorista é uma reflexão difusa de suas ações, ou seja, ao invés da luz, temos o ato terrorista se refletindo em muitos ângulos em nossa sociedade globalizada. O senso comum observa que o terrorismo dispara seu ódio em todas as direções, mas identifica sua unidade enquanto grupo em disputa, cuja ação atinge o espaço público.
       Em termos comunicacionais não se ataca o indivíduo, mas sim a identidade de uma nação. O que esta sendo comunicado é da esfera das trocas simbólicas entre ideologias. No sistema de ideias do terror não há preocupação com a história das vítimas, pois o que se comunica é que, apesar de sua manifesta supremacia, o país atacado não consegue proteger o seu povo.
       A França sofre com ações de comunicação estratégica terrorista, com o intuito de desmoralizá-la. Basta observar que se o ato terrorista incidisse no local de reunião do Congresso francês, no famoso Palácio de Versalhes, um alvo político e previsível, não teria o efeito de promover o reconhecimento de um poder-terrorista pulverizado no mundo.
       O valor simbólico da França para os terroristas encontra-se não apenas nas ideias de liberdade de expressão e informação dos franceses, mas, sobretudo na imagem concebida de um povo-cidadão, em outras palavras, a cidadania cor-de-rosa que os franceses vendem ao mundo, não se realiza diante da necessidade de uma identidade em um grupo minoritário. No mundo globalizado a cidadania contém bairrismos, isolacionismos e principalmente segregação.
      O terrorismo está conseguindo fazer paira no ar, de forma onipresente, a insegurança: De onde virá o ataque? O que será o alvo? São questões disseminadas no imaginário coletivo. Temas que são a essência da ação comunicativa terrorista.
       Discute-se aqui, o terrorismo que centra sua luta contra a hegemonia das ideias Europeias e Norte Americanas e que vão construindo seu sentido no mundo e firmando sua identidade como: aqueles que não expressão compaixão; que podem estar em qualquer lugar ou ser qualquer pessoa; uma massa imprevisível e furiosa.    
    Desse modo, multiplicam-se as ações terroristas e as tentativas de contê-las, mas seu caráter especificamente comunicacional não está sendo levado em conta, momento em que o sentido simbólico da fala ecoa no vazio e não se abre um canal de diálogo para a consensualidade e civilidade.


Elizabeth Venâncio

Filósofa, jornalista, mestranda em comunicação – UFG 

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