Massacre em “Charlie Hebdo” uma violência simbólica contra a humanidade

          Violência simbólica contra a humanidade deve ser a definição para o  ataque à revista “Charlie Hebdo”, na manhã de quarta-feira (7), momento em que atiradores invadiram e mataram 12 pessoas e deixaram 11 feridas, quatro delas em estado grave.
            O número de seres humanos que perderam a vida nestes segundos de terror é, proporcionalmente, insignificante em relação a tantas outras barbáries cometida em nome da fé. Contudo, simbolicamente é como se cada pessoa do planeta fosse atingida naquilo que lhe é mais caro: o direito de disser o que pensa, de discordar a respeito de algo.
 Diante do policial que implora pela própria vida, o ato impiedoso do terrorista que brutalmente o aniquila. A mensagem é forte demais para ser silenciada, emudecida, esquecida ou suprimida da história, pois anuncia: “Não existe possibilidade de diálogo”.
            É imperativo repudiar veementemente atitudes como esta que representa não só intolerância, mas, sobretudo, desrespeito com todos os princípios éticos de convivência. Lembrando a importância do respeito pela multiplicidade.  
Sim, somos seres culturalmente diferentes, mas temos algo que nos aproxima, seja o aspecto físico, seja a crença em um ser superior. Há em toda cultura a crença em um ser superior, além do humano, e este ser assume formas e nomes diferentes, mas sua essência acaba por ser a mesma, ou seja, promove o “bem” daquele povo que o cultua.
            A sustentação da religião pela humanidade na contemporaneidade é um fato extraordinário, pois apesar dos avanços científicos, tecnológicos e comunicacionais o “transcendental”, até a presente data, perdura como parte das inquietações humanas.
            Nunca será errado ter uma fé, mas será imperdoável aproveitar o nome de qualquer entidade considerada superior ou outro artifício qualquer para destruir a liberdade humana de dizer o que pensa.
 Empregar o humor como o cartunista francês Georges Wolinski para brincar com a crença de um povo significa dizer que este povo pode pensar de forma diversa. Não é uma coisa simples, pois, afirma-se que as crenças se assentam sobre princípios questionáveis. Ora, o fundamentalismo é justamente a esperança de que haja no mundo “verdades absolutas”.
            Ao acreditar que detém “a verdade” vive-se como se fosse a única forma possível de se viver, tal qual, o passarinho, cujo extinto animal só lhe permite comer determinada coisa e na falta dela morre de fome diante de um suculento bife.
            O ser humano é diferente dos animais porque é capaz de ser criativo, se adaptar em prol da vida, assim na falta de alimentos conhecidos ele inventa, ele cria e come alpiste, carne, gafanhoto e tudo que surgir pela frente.

             Ser criativo permitiu ao ser humano sobreviver, mas é preciso avançar em termos de convivência, afinal se alguém ou um grupo se sentir ofendido por palavras ou desenhos tem o direito de se manifestar, mas deixando claro que jamais pelo aniquilamento do outro. Assino este artigo com orgulho pela profissão de jornalista.  Elizabeth Venâncio

Comentários

  1. Beth, gostei da reflexão, apesar de que preferisse não ler (ou melhor, que coisas assim não acontecessem). O adjetivo "simbólico", ao contrário de atenuar, agrava o termo violência. E é exatamente isso (grave) que é o caso... Quem dera todos os problemas fossem discursivos.

    p.s.: É um prazer ler seu blog.
    Grande abraço!

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  2. Uma reflexão que em efectivo quer uma reflexão aprofundada do ocorrido. Algo tem que ser feito. Olá Elizabeth passando para um abraço e desejo de uma continuação de semana sem atropelos.

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    1. Um grande abraço Lindalva, estive fora por um tempo, agora poderei ler melhor seu blog. obrigada.

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