Cofiemos na conquista dos Africanos!!

 

Como brasileira, morando em um país cujas leis possuem um rol de direitos e garantias fundamentais, baseadas no chamado "Princípio da Dignidade Humana”, tenho acompanhado com preocupação, desde 10 de agosto, a greve nas minas de platina da companhia Lonmin, na África do Sul. Mineiros reivindicam aumento salarial e condições de trabalho.

Acreditamos que a humanidade já deveria ter superado situações como esta, em que trabalhadores chegam ao extremo de abrir mão da própria vida, para aprimorar as condições de trabalho e diminuir a desigualdade financeira de uma categoria profissional.

Os mineiros são donos de uma história de enfrentamento racial, entre os negros e a minoria branca, que dominava o país e, economicamente, continuam dominando. Podemos observar resquício desta cultura com a decisão de prender os mineiros grevistas, aplicando a doutrina do "propósito comum", que durante o “apartheid” foi utilizada para perseguir e deter sistematicamente aos cidadãos que enfrentassem o governo em prol da democracia e da igualdade racial no país.

O chamado “apartheid” foi um regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul, no qual os direitos da grande maioria dos habitantes foram cerceados pelo governo.

É este povo que, agora, luta há mais de trinta dias pelo direito de uma vida mais digna. E que nos faz lembrar tantas pelejas históricas, como das 130 operarias têxteis em 1857, em Nova Iorque, que morreram queimadas, pelas mesmas reivindicações, o que originou o Dia Internacional da Mulher.

Nos Estados Unidos, em Chicago, no dia 1º de maio de 1886, milhares de trabalhadores organizaram uma greve geral e foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho. A repressão policial resultou em prisões e mortes de muitos trabalhadores, para recordar foi criado o Dia do Trabalho.

Estes acontecimentos nos remetem a frase de abertura do Manifesto de Marx (1848)A história de toda a sociedade até hoje tem sido a história das lutas de classes.” segundo as idéias marxianas, há muito tempo existe uma contínua exploração de uma minoria, estabelecida no poder, sobre a maioria dos trabalhadores, desde a antiga oposição entre patrícios e plebeus, passando pela Idade Média com a servidão e a revolução industrial em meados do século XVIII. Mas a história também afirma que as conquistas dos trabalhadores, como a jornada de 8 horas, as férias, o descanso aos domingos, a previdência social, a indenização por acidente, aposentadoria e tantas outras conquistas são frutos de lutas.

Confiemos que os trabalhadores das minas da África do Sul, no futuro, sejam lembrados pelo dia em que suavizaram sua degradação/exploração e ampliaram sua dignidade.

Comentários

  1. Elizabeth, bom texto, infelizmente ainda há muitas lutas que nem deveriam existir, pois o mínimo seria o repeito pelos trabalhadores!
    Confiemos, sim, assim como dizes, que no futuro sejam sim lembrados pelo dia em que venceram a degradação/exploração,ampliando a dignidade merecida, tomara né amiga,tomara!
    Abraços e bom fim de semana!

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  2. Oi, Beth!
    Obrigada pela nova visita. Hoje estou "respirando" um pouco mais...
    A exploração do ser humano é uma coisa mesmo muito triste. É certo que os africanos, como você relatou, buscam direitos básicos que os brasileiros já conquistaram, mas quando me lembro que por aqui, os empresários ficam ensandecidos quando os empregados falam em reduzir a jornada de 44 para 40 horas... vejo o quanto ainda estamos longe do que poderia ser mesmo dignidade.
    Um abraço!

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