Comunicar não é fácil, quase sempre ouvimos mal, dizemos uma coisa e nosso interlocutor entende outra
Sinto-me inadequada em muitos
ambientes, principalmente naqueles em que as pessoas não pronunciam palavras. Neste
momento, parece que preciso falar, que o silêncio em uma roda de pessoas, para
mim, significa falta de interesse de um para com o outro, o que me incomoda
profundamente. Fico pensando: como transpor a barreira da indiferença? Será que
é indiferença? O que mantém pessoas fisicamente juntas, mas emocionalmente
separadas? Fiquei impressionada com minha percepção do papel crucial da
linguagem e do uso das palavras como fatores que afetam nossa capacidade de nos
mantermos ligados uns aos outros.
Não
dizer palavras é deixar de compartilhar, mesmo que não raro as palavras induzem
à magoa e à dor, mas enquanto houver palavras existe uma possibilidade de
entendimento, quando tudo for silêncio só restará...
Preocupo-me
em melhorar minhas relações comunicacionais. Assim, estudo a obra Comunicação
não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e
profissionais, de Marshall B. Rosenberg. Segundo ele, a Comunicação
não-violenta, também chamada CNV, se baseia em habilidades de linguagem e
comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em
condições adversas. Ela não tem nada de novo: tudo que foi integrado à CNV já
era conhecido havia séculos, mas é preciso relembrar.
Ao
utilizar a CNV somos guiados no processo de reformular a maneira pela qual nos
expressamos e escutamos os outros, mediante a concentração em quatro áreas: o
que observamos, o que sentimos, do que necessitamos, e o que pedimos para
enriquecer nossa vida. A CNV promove maior profundidade no escutar, fomenta o
respeito e a empatia e provoca o desejo mútuo de nos entregarmos de coração.
O
que observarmos? Será que escutamos realmente o que o outro está dizendo, ou
apenas interpretamos aquilo que pensamos que ele está dizendo. Às vezes, seria
mais interessante perguntar: O que você está dizendo? Não entendi, poderia me
explicar melhor?
O
que sentimos? Muitas vezes ficamos em segundo plano, como se o que escutamos
fosse mais importante do que aquilo que sentimos diante do que foi dito. O que
sentimos será determinante para a forma que iremos agir frente a situação,
então conhecer se aquele sentimento está em consonância com o que foi falado é
de extrema importância.
O
que necessitamos? Reconhecer quais das nossas necessidades estão ligadas aos
sentimentos que identificamos, pois assim poderemos expressar clara e
honestamente o que pensamos a respeito do que foi dito.
Comunicar
não é fácil, quase sempre ouvimos mal, somos mal interpretados, dizemos uma
coisa e nosso interlocutor entende outra. Desse modo, seguir esses ensinamentos
é uma tentativa, talvez um pouco cansativa, então, se preferir, uma segunda
opção seria ter como melhores amigos os falantes. Pois, assim poderia ficar quieto/a
ouvindo sem se preocupar em dar sua opinião, evitando problemas, e quando o
assunto caminhar para o final apenas introduza uma nova questão.
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