O mundo precisa de um novo paradigma econômico

A “crise” tem
sempre lugar dentro da vida econômica. Todas as correntes do pensamento
econômico admitem o fato de que as economias capitalistas alternam períodos de
prosperidade econômica e de crise. Se por um lado, o capitalismo procura sempre
difundir a relação de trabalho assalariado, criando assim mais Economia e
Desenvolvimento; por outro, os Estados-nações globalizados não são mais capazes de controlar com eficiência
sua própria economia e menos ainda de dominar os movimentos de capitais nos
mercados planetários.
Observando a
Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), nos últimos 10 anos da história recente do Brasil a maior taxa de
desemprego registrada ocorreu no mês de abril de 2004 (13,1%) e a menor foi a
de dezembro de 2014 (4,3%). Somente duas vezes, em 2006 e 2009, a taxa subiu em
relação ao ano anterior. Em 2015, no segundo trimestre o nível de desemprego
chegou a 8,3%.
Somado a
isso, percebe-se que ocorreu, no mesmo período, um acumulo de bens duráveis por
consumidores, tais como carro, moradia, aparelhos eletroeletrônicos, entre
outros. Bens de consumo, que antes não fazia parte da vida cotidiana dos
trabalhadores. Sendo assim, não se pode negar o aumento da renda, pois dados da
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), gerenciada pelo Ministério do
Trabalho, revelam que o rendimento real médio do trabalhador goiano teve um
aumento de 32,9%, somente entre os anos de 2011 e 2014.
O crescimento
econômico foi impulsionado por medidas adotadas pelo governo em 2009; quando
houve aumento de gastos públicos, redução de impostos e expansão do crédito.
Convém lembrar, que o Brasil, com essas medidas, chegou perto do pleno-emprego,
momento em que o trabalhador aumentou seu poder de barganha e o mercado interno
brasileiro ampliou-se.
Baixos
índices de desemprego e elevação do salário médio sempre foi motivo de
preocupação para os jogos financeiros da bolsa, porque implicam elevação da
taxa de juros e perspectivas inflacionárias. Os juros altos desestimulam o
investimento, o que, por sua vez, reduz o aumento da capacidade produtiva.
Pode-se verificar esta máxima por meio do sucateamento do setor
industrial. Ao final do processo, a
economia não cresce e cria-se um círculo vicioso: a baixa oferta provoca mais
inflação, que faz os juros subirem mais, que inibe novos investimentos, o que,
ao final, leva a taxas de investimento mais baixas; Eis aqui, a grande
contradição do capitalismo, pois as mesmas leis que criam um número crescente
de consumidores e de mercadorias, também produzem barreiras que impedem esses
consumidores de adquirirem as mercadorias produzidas.
Nessa lógica,
após quase uma década de expansão econômica, em que o Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro – soma de todos os bens e serviços produzidos no país - manteve-se adequada ao mercado mundial, a “crise” se confirmou a partir de 2014.
Aliado ao
cenário interno de recuo econômico encontra-se os efeitos da conjuntura
internacional, pois, não estamos blindados das implicações colaterais de uma
crise financeira no mundo, em que até mesmo a China apresenta redução no
crescimento. Nem das sequelas das políticas desenvolvidas por bancos
internacionais, por organizações comerciais, por lobbies transnacionais como a
Organizações dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), por serviços mundiais
de informações (CNN e BBC) e por empresas multinacionais.
É bom
ressaltar, que no mercado mundial, os fatores determinantes não são nem o
capital, nem o trabalho ou as matérias-primas, mas antes o modo como estes três
elementos são manipulados pela informação, pela comunicação e pela
administração, as verdadeiras alavancas da nova economia. Ou seja, no caso do
Brasil, as informações divulgadas com relação à “crise” influência os rumos que
a “crise” irá tomar. Afinal, o que aparentemente pode ser visto como um total
desequilíbrio da economia, não passa de um processo econômico natural ao
capitalismo e que precisa ser pensado por patriotas.
Patriotas são
pessoas que conhecem a história do Brasil e sua importância mundial, não por
aqueles que bramam por impeachment, mas sim pelos que trabalham na elaboração
de um novo paradigma econômico, que restaure o elo entre o crescimento dos
salários e o crescimento da produtividade.
Autoria: Elizabeth Venâncio
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