Uma força mergulhando suas entranhas na inércia
O Chão limpo exala o cheiro de cera recém espalhada, Antônia, mesmo desacordada, sente o ardor invadir suas narinas. Duela consigo mesma, sua alma luta para abandonar o corpo, mas seu corpo, neste momento, não quer morrer. Enfraquecida, a cabeça rodopia em mil pensamentos, mesmo possuindo um turbilhão dentro de si é capaz de ouvir os carros passando enlouquecidos pela rua, tudo é confusão. O som alarga-se e espantada descobre ser apenas uma pequena poeira solta no firmamento. Flutuado aleatoriamente, nublada, estrábica, tonta, desejosa de escapar, fugir da morte iminente e ter tempo para lutar contra sua insignificância. Os braços doloridos, pois nas veias de seu corpo corre um sangue amarelado, fraco, sonso... talvez isto explique toda a sua passividade diante da vida. Por muitos anos detestou ser mulher, pois alguma coisa, que ela não sabia ilustrar, a incomodava. Uma força mergulhando suas entranhas na inércia. Tinha vontade de ser diferente, queria ser capaz de revoltar-se, d...